COMPENSA ADQUIRIR PELLETS ?

PORQUE ESTÁ TÃO CARO O PELLET EM PORTUGAL ?

Os pellets de madeira (produzidos a partir de restos de folhas, serradura e lascas de madeira) têm estado como uma alternativa económica e com menores impactos ambientais para o aquecimento da sua habitação. Contudo, desde o início da invasão russa à Ucrânia, o preço médio já aumentou cerca de 150% em Portugal. Se no início do ano conseguia comprar um saco de 15 quilos por 4 euros, atualmente, empresas que têm stocks de pellets para venda estão a praticar preços entre os 9,00 e os 11,00 €.

O preço dos pellets está sempre sujeito a, pelo menos, 1 alteração durante o ano. É normal que durante o período de verão o preço seja mais reduzido do que no período de inverno, uma vez que existe mais quantidade de combustível disponível no mercado.

O que está a acontecer neste momento é algo anormal para o tradicional comportamento do mercado. Com o gás para a Europa a ser reduzido ou até mesmo cortado e uma vez que as próprias empresas (não só o consumidor doméstico) têm recorrido ao pellet para aquecimento, existe uma procura maior do que a oferta. Também os custos de produção estão mais caros, o que leva ao imenso aumento de preço deste combustível. Mesmo que os mercados consigam estabilizar, os especialistas não acreditam que os valores de compra irão regressar aos níveis a que estávamos habituados.

Este problema não é exclusivo de Portugal. Nalguns países europeus, o preço dos pellets chegou a subir 67%. De forma a tentar controlar os preços da energia pagos pelo consumidor, Espanha anunciou uma diminuição do IVA de 23% para 5% em produtos como pellets, lenha ou outros para aquecimento. No Reino Unido, onde 40% dos pellets com certificação ENPlus utilizados eram provenientes da Rússia e Bielorrússia, este requisito de qualidade está temporariamente suspenso de forma a garantir o abastecimento a partir de outros fornecedores. Na Alemanha, os preços da lenha e dos pellets subiram 85,7% em agosto face ao período homólogo.

O QUE ESTÁ A ACONTECER NESTE MOMENTO ?

Como mencionado anteriormente, é a grande procura europeia que explica esta repentina subida de preços. Agora que o inverno chegou e por causa dos problemas no abastecimento de gás natural proveniente da Rússia (que resulta nos elevados preços da energia que atravessamos), os consumidores europeus procuram alternativas para fazer o aquecimento das suas habitações. Como as importações de pellets provenientes da Rússia e Bielorússia estão suspensas, a oferta é muito inferior à procura e os custos de produção sobem, onde a eletricidade representa já quase 19% dos custos totais de produção do pellet, segundo dados da AEFFECC, que representa o setor em Espanha, citados pela OCU, organização de defesa dos consumidores daquele país. Em Portugal, onde os fornecedores encontram constrangimentos semelhantes, está a existir um fenómeno similar, com o setor a refletir o aumento dos custos nos preços de venda ao cliente final.

Assim que os preços do gás natural começaram a aumentar, ainda no ano passado com o encerramento do gasoduto Magrebe-Europa (que servia a Península Ibérica), várias indústrias nacionais, como a têxtil, começaram a recorrer a caldeiras de biomassa e a pellets para reduzir a fatura energética. E esse aumento da procura resultou logo numa subida nos preços da matéria-prima, ainda esse ano.

Segundo o barómetro anual sobre a indústria dos pellets em Portugal, publicado pela organização não-governamental "Zero", estima-se que o País tenha produzido cerca de 815 mil toneladas de pellets em 2021. Destas, 510 mil terão sido exportadas. Com a União Europeia a proibir as importações de pellets de madeira vindos da Rússia e dos seus parceiros, a exportação nacional deste produto para a Europa tem tendência a aumentar.

No entanto, o pellet continua a ser uma das opções mais económicas quando comparadas com outros combustíveis:

Tendo como consideração que um saco de 15 quilos de pellets custa, atualmente, em média 10,00 €, podemos assumir que o preço por quilowatt-hora (kWh) rondará os 13 cêntimos. Este valor continua a ser inferior aos 20 cêntimos por quilowatt-hora da electricidade.

E embora os preços estejam em constante subida, os equipamentos a pellets continuam a ser uma opção económica para o aquecimento da casa, ainda que este sistema possa não ser o ideal para todos os tipos de habitações. Por isso, todas as considerações e sugestões mencionadas anteriormente são tão importantes para não existirem incompatibilidades.

Viseu, 03 Novembro 2022

Artigo original : https://www.deco.proteste.pt/casa-energia/aquecimento/noticias/porque-esta-subir-preco-pellets